Desde o início do ano que está a decorrer na Universidade de Évora o estudo da interação entre o Alburno (uma espécie exótica em crescente expansão) e o Saramugo, testando a viabilidade desta possível ameaça.
No âmbito do Projeto LIFE Saramugo, a Universidade de Évora está a efetuar diversos estudos para compreender quais os possíveis impactes do Alburno nas populações de Saramugo, caso ambas as populações venham a co-existir nos mesmos habitats, como se prevê que possa vir a acontecer.
O Alburno (Alburnusalburnus) é uma das mais recentes espécies piscícolas exóticas a ser introduzida em Portugal. Esta espécie é oriunda do Centro da Europa, cuja população aumentou fortemente nos últimos anos na Península ibérica, com destaque para a bacia do Guadiana, sendo atualmente uma das espécies com maior potencial invasor. Os fatores que podem contribuir para este sucesso são a elevada eficácia reprodutiva desta espécie, assim como capacidade de utilizar uma grande variedade de recursos alimentares, elevado potencial predatório e uma grande capacidade de tolerância a diferentes condições ambientais.
O Alburno pertence à família dos Ciprinídeos, tal como o Saramugo (Anaecypris hispanica) e muitas outras espécies nativas dos nossos rios. A proximidade genética desta espécie com algumas espécies nativas, como o Bordalo (Squaliusalburnoides), pode resultar em hibridação (já confirmada no terreno com esta última), levantando a hipótese de o mesmo acontecer com o Saramugo, se houver sobreposição dos habitats de ambos, em particular durante a época de reprodução.
As potenciais interações competitivas entre o Alburno e o Saramugo, bem como, a hipótese da sua hibridação, são ameaças que justificam alertas e a prevenção, de forma a contribuir mais eficazmente para a implementação de ações de conservação.
No campo estudou-se a tipologia de habitat onde o Alburno está presente, a sua densidade e proporção relativamente às outras espécies, assim como a sua distribuição e a proximidade às populações de Saramugo.
Em condições controladas ex-situ (em tanques exteriores de 400 a 600 L) foram analisados vários modelos de interação entre Alburnos, Saramugos e Bordalos, procurando evidências de predação e competição pelo espaço.
Também se está a testar a possibilidade de hibridação, usando para isso duas técnicas: uma natural, fazendo coexistir cardumes das duas espécies no mesmo espaço durante a época de reprodução, e outra artificial, tentando fertilizar ovos de Saramugo com esperma de Alburno.
Em 2016 os trabalhos irão continuar, fazendo novas experiências, reforçando as já realizadas, com o objetivo de prever o resultado desta possível ameaça e intervir atempadamente.